segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Arte Decorativa.

Fim do semestre chega, o desespero bate, umas matérias se vão (ainda bem!!), outras deixarão saudades...Ai Decorativa...Nunca andei tanto e conheci tantas coisas novas como nessa disciplina. Se pudesse fazia de novo! Excelente turma, excelente professora, excelente pra mim, que aprendi pacas e pude interagir mais com meus colegas. Amanhã será nosso último dia! Mais uma "prova" e comemorações... a melhor parte!

FOTOS DA NOSSA VIAGEM À CACHOEIRA-BA



BUZÚ DA UFBA


FELIZES NA SAÍDA


PISA FUNDO BATMAN!!

NO BUZÚ!

CÔMODA INDO-PORTUGUESA

CERÂMICA DE COQUEIROS

CASA DA CERAMISTA

NINGUÉM É DE FERRO!!!

O RIO, PAI DA PRODUÇÃO CERÂMICA.

BELÉM, CHINOISERIE!!

Segue um textinho que fiz na matéria, baseado na viagem que fizemos à Cachoeira em 14.11.09.


Marca constante na produção material de grupos étnicos no mundo inteiro a cerâmica, segundo Maria Lúcia Montes, no seu texto encontrado no catálogo da exposição Oferenda de Carolina Harari, tem a conotação de oferenda. Produzida a partir da união dos elementos básicos e essenciais a vida do seres vivos (terra, água, fogo e ar) nesse processo o ceramista passa a dominar a natureza, que precisa da proteção dos deuses para que sempre haja matéria prima para sua fabricação e que iluminem a mente do homem para que esse processo não seja perdido e esquecido em meio ao caos da vida moderna.


Resultado da tão enigmática junção do Caulim com o Petuntse, a porcelana foi por muito tempo objeto de luxo e sinônimo de bom gosto na casa do rico europeu. Pela sua localização estratégica, Portugal que detinha um vasto conhecimento acerca das navegações, teve o primeiro monopólio do comércio estabelecido com a China (Joppert,1997). Sendo o Brasil rota obrigatória para o transporte dessas peças, muitas delas por aqui ficaram enchendo de beleza também a casa do homem colonial, que vivia seguindo os padrões de comportamento e de gosto como os do velho mundo.

Mais tarde depois de compreender a unidade de pensamento do homem oriental a Europa passa a produzir esses objetos, ocasionando uma interação e troca de experiências culturais através do comércio estabelecido entre os continentes. O gosto pela apreciação da arte oriental denominado de chinoiserie já era comum.

Se o gosto pela porcelana chinesa compunha o dia-a-dia do homem brasileiro no passado, o mobiliário colonial repleto de influências também orientais classificados por Tilde Canti como: móvel de guarda, móvel descanso, móvel de repouso e móvel de utilidade, embelezava ainda mais as residências coloniais brasileiras e hoje são testemunha do seu modo de viver e pensar na época A utilização do marfim, dos tarugos e os tão comuns discos e bolachas constituíam, por exemplo, o móvel do estilo indo-português, que mais adiante desenvolvido e incorporado por Portugal transformar-se-ia no estilo Nacional Português, muito presente nos caminhos que trilhamos na matéria de Arte Decorativa no semestre 2009.2.

Em uma das nossas mais recentes aulas andantes, percebemos como é possível observar todos esses modos de produção artística unidos, marcas da produção material de diversas culturas que interagem de forma a ser necessária uma reflexão sobre suas origens.

Logo em nossa primeira parada, fomos ao Convento de Nossa Senhora dos Humildes, em Santo Amaro, fundado no sec. XIX pelo padre Inácio Teixeira de Araújo com o objetivo de acolher mulheres devotas possui nas paredes internas de sua capela azulejos portugueses, onde apreciamos o desenvolvimento da produção cerâmica que citamos no começo do texto - síntese de várias culturas (africana, árabe, européia), os azulejos são peças de cerâmica produzidas em forma quadrada e esmaltada em uma de suas faces, decorada com motivos diversos que podem contar histórias, ter elementos avulsos ou até representar brasões e escudos de corporações entre outros.

Na nossa segunda parada chegamos à da igreja e convento de Belém, que fica a 7km da cidade de Cachoeira. Em sua arquitetura jesuítica, observamos sua torre, repleta de porcelana vinda de Macau, importante entreposto comercial no período de comércio da Europa e o Oriente, compondo uma espécie de mosaico, onde recordamos os mosaicos - embutidos de pequenas peças de pedras, ou de mármore, vidro ou cerâmica, formando determinado desenho- que tem seu primeiro registro encontrado em 3.500 anos a.C na Mesopotâmia.

Seguindo mais a frente nessa mesma igreja que no momento sofre intervenção visando sua restauração pelo programa Monumenta - que recupera o patrimônio cultural urbano brasileiro, executado pelo Minc – chegamos à sacristia da igreja. Ao observar seu teto, decorado com flores policromadas sobre uma base negra, identificamos logo a influência de motivos chineses, e nos vem à memória o chinoiserie. O já citado apreço pela cultura chinesa, muito presente ainda nas peças de porcelana encontradas no acervo do Museu Carlos Costa Pinto, instituição bastante explorada e notável na questão da interligação entre culturas nas artes.

Chegando ao Museu do IPHAN, na cidade de Cachoeira em uma visita guiada ao seu 1º andar, observamos a interação de culturas na composição das peças de seu mobiliário. Encontramos uma cômoda, que logo nos chama atenção pela sua decoração com elementos fantásticos de características Hindu e sua superfície que é toda decorada com pequenas e finas partículas de marfim, compondo um móvel do Estilo Indo-Português. Com características que remontam a cultura oriental, mas com utilidade tipicamente ocidental.

Somando as experiências dessa nossa aula andante às outras que fizemos na cidade de Salvador, podemos observar a interação entre as culturas que nos é demonstrada através das artes. Seja pesquisando em um convento ou em casarões construídos em estilo europeu, com seu preenchimento mobiliário repleto de influências orientais ou observando suas fachadas com elementos que remontam diversos estilos artísticos, observamos a interação existente entra as civilizações expressa nas artes.

O contato contínuo existente no passado, decorrente do comércio, das guerras, das imigrações, fez com que nas artes e na nossa própria vida cotidiana estivessem expressas marcas culturais de diferentes povos, nos fazendo ser apesar das nossas diferenças e das distâncias um povo interligado. Sendo acentuada essa tendência nos dias de hoje pelo avanço das comunicações, o uso a internet, entre outros.

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domingo, 29 de novembro de 2009

Para Mona.



amantes de beijos
carinhos em caldas,
parceiros de sono

sexo na fôrma da frigideira
untada
a fôrma vai ao forno

nunca mais rocks
no more devaneios

o amor alfabetizado vê azul no azul
do céu da conveniência

o namoro é isso...



Por Tiago Barreto (Cabi)








quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Bahia Musealizada na arte de Juraci Dórea.


Texto produzido na matéria de  História da Arte Brasileira. Justificativa para o tema: Produzir trabalhos relacionados com os artistas da minha  terra (Feira de Santana). Idéia de voltar-se ao lugar de onde vim.

O Projeto Terra, liderado pelo artista Juraci Dórea, que objetiva, levar para o interior sertanejo baiano, esculturas e painéis executados em materiais comuns à realidade sertaneja, nos coloca diante das reflexões referentes à Nova Museologia .


Ao modificar o foco da produção e exposição de suas obras, dos centros urbanos e galerias de arte para o interior sertanejo, o artista transforma estes espaços que nos marcam por imagens de seca e miséria, em um “grande museu”, que derruba suas pomposas paredes, desconstrói as posturas dos tão comuns museus tradicionais (circuito a ser seguido, peças sacralizadas) e se abre para uma maior interação com o público, com elementos comuns a sua realidade (couro e madeira nas esculturas), numa atitude que nos remete aos ecomuseus, que se apropriam do cenário e historicidade de determinadas comunidades, musealizando os espaços componentes do seu dia-a-dia, sem a necessidade do uso de vitrines e grandes painéis explicativos.

Dentro das resoluções que regem a Declaração de Caracas, que determinam atitudes quanto a atual missão dos museus estes devem “... organizar estratégias que permitam a participação da comunidade na valorização e proteção de seu patrimônio”, o Projeto Terra, envolve-se com a população sertaneja, provocando nestes a reflexão a cerca da arte, sua função e existência, usando cenários como as casas, feiras e terreiros dessas pessoas como suportes para a expressão dessa arte regional, no próprio local onde o artista se inspira para sua criação.

Ao mesmo tempo em que instiga a curiosidade dessas pessoas quanto à concepção de arte , encaramos como um retorno, uma retribuição à inspiração cedida pelo ambiente sertanejo ao artista que recria na sua arte os cenários comuns da sua infância.



FALANDO MAIS SOBRE O ARTISTA E SEU PROJETO

Artista plástico e poeta, o artista também é formando em arquitetura pela Universidade Federal da Bahia. Natural da região de Feira de Santana tem como inspiração para a produção de suas obras a temática do homem sertanejo e a literatura de cordel.

O Projeto Terra se iniciou no ano de 1982, na cidade de Feira de Santana e parte para as localidades de Euclides da Cunha, Monte Santo, Canudos e Raso da Catarina. As suas atividades não se finalizam na construção das esculturas e realização dos painéis, mas por traz deste trabalho, acontece também a sua documentação, através de fotografias e “[...] gravações que registram o conceito que os sertanejos têm da arte” .

Dentre as funções dos museus de catalogar, conservar e preservar damos ênfase aqui, a documentação, realizada no Projeto Terra, que pouco a pouco é publicada pelo artista, em livros e congressos, dando novos significados e sentido às suas obras. Além de servir como asseguração do próprio período histórico e de reflexões acerca do pensamento do povo sertanejo, produz parâmetros para a antropologia, sociologia e a própria sociologia da arte.

Ao passar pelos cenários citados, observa-se que pouco se conservou deste trabalho. Pela própria relação de dessacralização, promovida pelo trabalho do artista e da relação muito particular do homem sertanejo coma arte, o couro das esculturas foi “reaproveitado” para uso nos selas dos cavalos, nas alpecartas, no uso do dia-a-dia do homem sertanejo, tão castigado pelas intempéries do seu habitát.



O HOMEM SERTANEJO E OS ELEMENTOS DE SUA CULTURA REPRESENTADOS NA ARTE DE JURACI DÓREA

Ao se deparar com uma das séries “Fantasia Sertaneja” ou “Historias do Sertão”, o observador identificará símbolos que talvez, - levando em consideração a sua origem, não compreenda claramente.

Envolvidos num cenário que nos remete ao ambiente das feiras nordestinas, atrelados ao dia-a-dia do homem sertanejo, na sua religiosidade, nos objetos de seu uso diário, no seu folclore e na sua própria maneira de se relacionar entre si – a aproximação das casas, o ambiente da “fofoca”, a espera das moças por um bom casamento – Juraci Dórea, abdica do comum tratamento dado a temática que “mistifica” o homem do sertão por alguns autores, e o compõe, ali, de maneira simples e natural, sem “tirar nem por” elementos de suas gloriosas características.

Concluindo, classificamos o trabalho do artista, como promotor de uma nova temática no campo das artes. A produção de arte regional em duplo sentido: a arte regional, por ter como tema características regionais – e regional por ser produzida na própria região que a inspira, musealizando estes espaços.

Voltando ás teorias da museologia, Juraci, produz uma arte que musealiza o sertão baiano, mantendo uma relação de interação e estabelecimento de referenciais de identidade com o público, de forma almejada e não alcançada por muitos museus.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Declaração de Quebec, 1972, Canadá. Princípios de base de uma nova museologia, 1972. 3 p.



OLIVEIRA-GODET, Rita; PEREIRA, Rubens Alves. Memória em movimento: O sertão na arte de Juraci Dórea. Feira de Santana: UEFS, 2003, 147 p.



Morais, Frederico. A arte popular e sertaneja de Juraci Dórea: uma utopia? Salvador: Cordel, 1987.









Interagindo com Ferreira Gullar

Inicio a primeira postagem do meu blog, com uma poesia que acabei de fazer em interação com um poema de Ferreira Gullar, Traduzir-se.

DECODIFICAR-ME
Uma parte de mim

é todo mundo
a outra parte é ninguém:

fundo sem fundo.


Uma parte de mim

é uma imensidão

outra parte

é um único ser

a outra foge da solidão



Uma parte de mim

estuda e fica nua

outra parte

cai na noite



Uma parte de mim

não almoça, nem janta

a outra parte

está farta



Uma parte de mim

é permanente

outra parte se parte



Uma parte de mim dói

a outra parte quer viver



Traduzir uma parte na outra parte, seria chegar a mim, vazia ou completa - depende do dia.