terça-feira, 30 de setembro de 2014

Gestação

Rasgo o chão
com minhas unhas,
submersas na terra
sujas de lama
cortadas de mato
a camada das pedras-obstáculos,
a primeira a ser transposta
por ela sigo, firme, sem titubear
a segunda camada,
a água,
me leva
no seu ritmo até a superfície de mim
nasco e renasco
foram nove meses,
uma gestação humana
no rastejar da cobra,
lento como da muda da planta,
que com força discreta,
supera a lona preta da superfície que lhe limita
e eu, como semente, pude renascer, reviver,
ressurgir, sacudir as cinzas das mãos, forjar minhas asas no barro
e nestas agregar as minhas asas.
Agora, tenho penas e plano no ar.

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